Redação G1
Uma autista de 50 anos passou mal enquanto estava ‘presa’ dentro de um ônibus durante um temporal que atingiu Santos, no litoral de São Paulo. Janaina Borba teve uma crise de ansiedade e saiu do coletivo em desespero, mas acabou sendo ajudada por clientes e funcionários de um comércio de carnes após mostrar o colar de girassol – é usado por pessoas com deficiências ocultas para facilitar a identificação. Emocionada, ela agradeceu: “verdadeiros anjos”.
Com ruas alagadas e longos congestionamentos, Janaina teve uma crise por ter ficado por 50 minutos dentro de um ônibus lotado. Ao g1, ela afirmou que estava indo para casa e, enquanto conversava com uma amiga pelo celular, percebeu a situação da cidade.
“Carros buzinando, pessoas falando, ambulância com sirene alta, bombeiros, profissionais da CET [Companhia de Engenharia de Tráfego] tentando ajudar, motos passando. Tudo isso ao mesmo tempo, foi me sufocando”, relembrou.
Autista de nível um, considerado leve, Janaina explica que, devido aos estímulos sensoriais, começou a transpirar. Logo, a taquicardia, angústia, tontura e ânsia de vômito a atingiram. “Saltei do ônibus porque e
stava passando muito mal”, explica Janaina.
Embora mal conseguisse se manter em pé, entrou em uma loja de carnes na Avenida Ana Costa, onde foi cuidada por funcionários e clientes na última sexta-feira (10). “Algumas pessoas perceberam que eu não estava bem e vieram ao meu encontro para me ajudar”, explicou ela, que imediatamente puxou o colar de girassol com a identificação, o laudo médico e os mostrou.
Ao perceberem que Janaina tem “deficiência oculta”, todos se mobilizaram para ajudá-la, puxaram uma cadeira e deram-lhe água. Janaina se acalmou e conseguiu retornar para casa em segurança após pedir para a mãe buscá-la. Ela inclusive retornou à loja de carnes para conhecer as pessoas que a ampararam no momento de fraqueza.
Janaina explicou que teve um diagnóstico tardio de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo ela, psicólogos e psiquiatras investigaram por pouco mais de seis anos até ela finalmente conseguir o diagnóstico.
Antes disso, fez terapia durante oito anos e médicos chegaram a cogitar que seria um caso de esquizofrenia. “Foi despertador, hoje não preciso mais me mascarar”.
Atualmente, Janaina continua fazendo acompanhamento psicológico e consegue controlar as crises causadas pelo TEA. Logo após conseguir o laudo, Janaina teve acesso à própria carteira de identificação, junto ao uso do Colar de Girassol, que ela acredita ter sido essencial durante a crise de ansiedade que teve durante a última sexta-feira.
O acessório auxilia na identificação de pessoas com deficiências ocultas, como TEA e de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), demência, fobias, entre outras, em estabelecimentos, facilitando o atendimento prioritário deste público, até mesmo em situações de estresse, quando são mais propensos a crises.
